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Como todo bom parasita, o objetivo de vida do Eryniopsis lampyridarum consiste em arranjar um inseto hospedeiro e se instalar por lá.

 

A forma como o fungo faz isso, porém, é um tanto macabra: transformando as fêmeas de uma espécie de besouro em zumbis capazes de enfeitiçar e matar os machos – que também se transformam em casa depois. A estratégia, inédita até então, foi descrita por pesquisadores no periódico Journal of Invertebrate Pathology.

Chauliognathus pensylvanicus é o nome do besouro, que se alimenta de néctar de flores e pode ser facilmente achado em florestas na América do Norte. Mas, como a vida animal não costuma ser lá muito justa, a espécie teve o azar de que seus inimigos mais mortais resolvessem viver nas mesmas plantas em que sugam seu alimento.

De tanto observar os vizinhos, o parasita Eryniopsis lampyridarum aprendeu a caçar da forma mais eficiente possível. Tanto que, dos 446 besouros coletados pelos pesquisadores, 90 deles estavam infectados pelo fungo. Para terem esse bom aproveitamento, a estratégia é focar nas fêmeas. Elas são as escolhidas para morrer primeiro – e servem como armadilha para atrair os machos depois.

Infectada pelos fungos, a fêmea de besouro morre paralisada no topo das flores, onde normalmente se dá a cópula desses insetos. Entre 15 e 22 horas depois do óbito, a bruxaria acontece: o abdome da falecida incha e suas asas se abrem, fazendo com que ela fique em posição de preparação para levantar voo.

Seria apenas performático se não fosse trágico. Isso porque, para os machos que passam desavisados pelo local, a postura é interpretada como um baita convite para a reprodução. Com as asas abertas e o abdome expandido, as fêmeas parecem maiores – e também mais atraentes, segundo o gosto do garanhões.

Atraídos por esse canto da sereia, eles voam até a fêmea. Mas até que caia a ficha de que a história não tem nada disso, e que a potencial parceira não é nada além de uma estátua, já é tarde demais. Enquanto tentam procriar em vão com a fêmea zumbi, os machos são infectados pelos esporos do fungo – e morrem logo em seguida.

O resto da história você já pode imaginar. Mais uma família feliz de fungos, com um inseto próprio para chamar de seu.

 


Fonte: Super Interessante

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