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Humanidade

Com a saída da Grécia no euro, contribuintes europeus perderiam até 225 bilhões de euros, de acordo com cenários traçados pelo UBS.

225 bilhões de euros. Esse seria o preço da saída da Grécia da Zona do Euro para os europeus de acordo com um relatório do UBS. O número considera apenas os cortes na dívida grega, sem levar em conta as dificuldades que seriam enfrentadas pelos bancos em toda a Europa, por exemplo. Ou seja, poderia ser pior.



Para o banco, o maior risco está nos efeitos de segunda ordem e no potencial de quebra de bancos na Europa. “Isso pode ser considerado mais doloroso para os contribuintes europeus”, afirma o relatório assinado pelos economistas Stephane Deo, Martin Lueck, Amit Kara, Reto Huenerwadel, Matteo Cominetta e Jennifer Miller.

O custo para a saída da zona do euro é quase quatro vezes maior que o custo para a Grécia permanecer no grupo, segundo o relatório. Nesse caso, o custo para a Europa seria de 60 bilhões de euros (valor de uma nova reestruturação da dívida, considerada inevitável pelo UBS).

“A matemática é simples”, segundo o banco. Os europeus fizeram diversas formas de financiamentos à Grécia, que resultaram em uma exposição total de 181,9 bilhões de euros. Um corte de um terço nesse valor chegaria a 60,6 bilhões de euros em perdas para o contribuinte europeu (ou 0,5% do PIB da zona do euro). Um corte de 50% levaria a perdas de 91,0 bilhões de euros.

O custo é maior no caso de abandono da zona do euro porque leva em conta outros fatores como a desvalorização da nova moeda grega, distúrbios no PIB do país e uma dívida adicional de 104 bilhões de euros, vinda de desequilíbrios no target 2 (sistema de pagamentos entre bancos adotado para transações em tempo real entre países da União Europeia). Para o UBS, uma nova moeda perderia metade do valor quando introduzida – o que também afetaria a dívida grega, que foi contratada em euros.

Com esses fatores, os custos saltariam de 60,1 bilhões de euros para 225,3 bilhões de euros, no caso de um corte de um terço (1,8% do PIB da zona do euro), ou para 240,4 bilhões no caso de um corte de 50%.

Sem saída

A possível saída da Grécia da zona do euro não é o cenário principal para o UBS, que considera essa ação cara e fora do interesse da Europa. Para o banco, discussões sobre um rompimento ordenado ou negociado são pura fantasia, segundo relatório assinado pelos economistas Paul Donovan, Larry Hatheway, Matteo Cominetta, Amit Kara e Martin Lueck.

 

A antecipação da saída – e não a saída em si – poderia prejudicar o comércio entre empresas estrangeiras e a Grécia, o sistema bancário e também deixar o governo inábil a levantar novos financiamentos no mercado, segundo o UBS. “Essa antecipação (da saída da Grécia da Zona do Euro) poderia resultar em uma desordem econômica”, afirma relatório do banco.

O ponto mais crítico, na visão do UBS é o dos bancos gregos. “O sistema bancário grego entraria em colapso rapidamente”, segundo o relatório. Se a saída de Grécia da zona do euro fosse antecipada, a previsão do UBS é que haveria uma corrida aos bancos. E essa corrida poderia se estender para outros países do grupo - os que também teriam chances de abandonar a moeda. Se o sistema bancário grego entrasse em colapso, o contágio seria rápido, segundo o UBS.

“A ideia de que a Grécia sairia da zona do euro e o resto do grupo seria protegido por alguma força invencível é uma falácia”, afirma o relatório. As consequências da saída da Grécia poderiam ser vistas na zona do euro em algumas semanas – e em alguns meses outros países poderiam estar na linha de pressão para também sair do grupo, de acordo com o banco.

O UBS defende que seja feito um tratado de Maastricht para “os tempos modernos” e, de preferência, que ele seja escrito “por economistas (que entendem como criar uma união monetária funcional) e não por políticos (que, pelo menos em 1992, não entendiam)”. O novo tratado poderia estabelecer os passos necessários para corrigir a disfuncional união monetária que existe hoje.

O UBS destaca que desde o tratado de Maastricht, economistas apontam falhas no modelo. Na visão do banco, o euro não tem muitas das instituições que geralmente são necessárias em uma união monetária em funcionamento. Ao mesmo tempo, as instituições que existem são estruturadas em uma forma rígida e não tem a habilidade de se adaptar que permitiria uma administração das voláteis circunstâncias da crise na Zona do Euro. “Mudanças rápidas em resposta a movimentos rápidos nos mercados financeiros não são possíveis”, afirma o relatório.

As opções da Grécia

O UBS vê duas opções para a Grécia. Uma delas é negociar com a Troika para obter algumas medidas de austeridade mais lenientes acompanhadas por uma reestruturação na posição da dívida grega. A outra alternativa é o calote. Pensar que o não-pagamento é incompatível com a zona do euro é ignorar a história, segundo o UBS. “A Grécia já deu o calote (um pouco ineficientemente) e permaneceu na zona do euro nesse ano”, diz o relatório.

O calote exigiria um sistema bancário recapitalizado e um empréstimo forçado, na visão do banco. A alternativa seria uma saída desordenada. A saída ordenada seria antecipada e, consequentemente, desordenada, por isso ela não é uma opção. “Ou temos uma confederação do Euro e um compromisso com a integridade da união dos 17 países ou, novamente, a Europa continental vai pedir socorro’”, afirma o relatório.

 

Fonte: Exame

 

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